Tecnologias trazem o mundo para a escola
Em entrevista ao Jornal do Professor, a especialista ressaltou a
importância da capacitação dos educadores para a modernização da sala de aula.
Segundo ela, as ferramentas de produção colaborativa já são as mais utilizadas
e o futuro das escolas será pautado por uma palavra: conectividade.
1. O que são exatamente as novas tecnologias que estão sendo aplicadas
na educação?
Quando
falamos de novas tecnologias fazemos referência, principalmente, àquelas
digitais. Hoje, sabemos que a tendência é de que haja uma convergência de
tecnologias e mídias para um único dispositivo. O essencial é que este
dispositivo possua ferramentas de produção colaborativa de conhecimento, de
busca de informações atualizadas. Isso possibilita uma comunicação
multidirecional, na qual todos são autores do processo ou, pelo menos, têm
potencial para ser.
2. Quando surgiu a discussão sobre esse assunto?
O primeiro
projeto público surgiu no Brasil em meados da década de 1980. Era o EDUCOM, um
projeto de pesquisa desenvolvido em conjunto por cinco universidades públicas
que se dedicaram à produção de softwares, formação de educadores e
desenvolvimento de projetos pilotos nas escolas.
3. Há uma
certa polêmica em torno do uso das tecnologias em sala de aula. Afinal, os
efeitos são positivos ou negativos para o desempenho dos alunos?
Vivemos numa
sociedade informatizada. Não podemos negar o contato com a tecnologia
justamente para a população menos favorecida que, em geral, só teria condições
de acessá-la no ambiente escolar. Pesquisas mostram resultados promissores
quando as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são utilizadas de
forma adequada, que oriente o uso para a aprendizagem, o exercício da autoria e
o desenvolvimento de produções em grupo.
4. Como elas devem ser usadas do ponto de vista pedagógico?
As novas
tecnologias podem ser usadas de diferentes maneiras, mas podem trazer soluções
mais eficazes em projetos que envolvem a participação ativa dos alunos, como em
atividades de resolução de problemas, na produção conjunta de textos e no
desenvolvimento de projetos. O fundamental nessas tarefas é fazer com que os
alunos utilizem a tecnologia para: chegar até as informações que são úteis nos
seus projetos de estudo, desenvolver a criatividade, a co-autoria e senso
crítico.
5. Na era da tecnologia, como serão as salas de aula do futuro?
A primeira
mudança é a expansão do espaço e do tempo. Rompe-se com o isolamento da escola
entre quatro paredes e em horários fixos das aulas. Teremos a escola no mundo e
o mundo na escola. Isso, porque o conhecimento não se produz só na escola, mas
também na vida - numa empresa, num museu, num parque de diversões, no meio
familiar. Tais espaços poderão se integrar com as práticas escolares e
provocarão uma revisão no conceito de escola e de currículo. Os equipamentos
serão bem diferentes, estarão disponíveis em qualquer lugar, talvez nem
tenhamos que carregá-los. A conectividade é que vai nos acompanhar em todos os
lugares.
6. Quais serão as principais ferramentas dos professores? Que tipo de
recurso já está sendo utilizado?
Já temos uma
série de instrumentos sendo utilizados pelos professores. Os blogs, por
exemplo, são bastante disseminados entre os docentes. O WiKi, que é um programa
virtual de produção colaborativa de textos, também. Entretanto há outros
recursos, como simuladores que permitem visualizar fenômenos da natureza ou do
corpo humano que não teríamos condições de acompanhar se não fosse
virtualmente; os simuladores propiciam também compreender o significado de
funções matemáticas abstratas por meio de testes de hipóteses e da representação
gráfica instantânea.
7. A senhora pesquisou a política de outros paises em relação à
aplicação das TICs na educação. Como o Brasil se posiciona em relação a países
como Estados Unidos e Portugal?
Atualmente,
há uma convergência das experiências em diversos países. Os computadores
portáteis, por exemplo, estão sendo testados em todo o mundo, simultaneamente:
tanto em países da América Latina, quanto da África, da Europa. O problema, no
entanto, não é a disponibilidade das tecnologias e sim a formação de
professores para utilizar as TICs. Outro problema que também se evidencia em
todos os países é a concepção de currículo. Precisamos superar a idéia do
currículo prescrito como lista de tópicos de conteúdo. O currículo deve ser
construído integrando o que emerge da própria relação cotidiana entre
professores e alunos. Muitas vezes, os currículos não abordam habilidades e
competências que precisam ser desenvolvidas. Quando se trabalha com o registro
de uma atividade num blog, por exemplo, os alunos desenvolvem um projeto pelo
computador, que tem o seu desenvolvimento registrado e, assim, é possível
identificar diferentes dimensões do currículo que foram trabalhadas no projeto,
o que vai muito além do currículo prescrito.
8. O que está sendo feito hoje em termos de formação de professores?
Em primeiro
lugar, no Brasil, todos os programas voltados para TICs na educação têm essa
preocupação de capacitar os professores. Mais do que permitir o acesso à
tecnologia, os programas trabalham a preparação dos educadores. E isso é uma
questão de longo prazo, porque a formação se dá ao longo da vida, tem que ser
continuada e voltada para a própria prática. Além disso, temos hoje várias
pesquisas sendo desenvolvidas nesta área e o Brasil se destaca por ter um projeto
de tecnologias na educação que integra a formação de educadores, a prática de
uso de tecnologias e a pesquisa científica.
(Renata Chamarelli)
Curso de Tecnologias Educacionais: "Ensinando e aprendendo com as Tics"
Proinfo: NTE-PB
Nenhum comentário:
Postar um comentário