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sábado, 21 de julho de 2012

Segundo Sigmund Freud, os sonhos são a manifestação do inconsciente


Na psicanálise, interpretações auxiliam nos tratamentos psicológicos

“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Essa frase foi escrita pelo psicanalista Sigmund Freud em seu livro "A Interpretação dos Sonhos", publicado em 1900, obra que consolidou os principais fundamentos da sua teoria psicanalítica. No trabalho de Freud, a interpretação do sonho se tornou um método para formular hipóteses sobre o sentido de determinados sintomas psicológicos, tais como fobias, neuroses obsessivas e a histeria, trazendo luz, por exemplo, sobre os fenômenos psicóticos e os atos perversos. Para Freud, a essência do sonho se traduzia na realização de um desejo infantil reprimido.
Nestor Vaz (Foto: Divulgação)
Nestor Vaz, integrante da escola de psicanálise
Letra Freudiana (Foto: Divulgação)
Na psicanálise, o sonho é analisado com base em uma associação livre, conforme explica o psicanalista Nestor Vaz, integrante da escola de psicanálise Letra Freudiana, no Rio de Janeiro. “Quando a pessoa procura uma análise, em grande parte é devido a um sintoma, como medo, ou alguma dificuldade pontual, seja na vida pessoal, ou profissional. Esse indivíduo pode ter, por exemplo, uma angústia e não saber de onde ela vem, ou que motivo o deixa assim. No processo de análise, o paciente pode trazer um sonho que, talvez, revele algum elemento motivador de sua angústia”, conta Nestor.
Conforme os conceitos de Freud, Nestor explica que a interpretação dos sonhos é baseada no que a pessoa leva para o consultório, nos problemas que levanta durante as sessões de psicanálise. “Podemos ter o caso da pessoa que sonha com uma palavra enigmática, por exemplo. De repente, ela começa a comparar essa palavra com uma série de coisas, e não encontra associação. Quando vai ver, o termo enigmático que sonhou é o nome do namorado, só que escrito de forma invertida”, exemplifica.
De acordo com o psicanalista, os sonhos têm a função de manter o sono, e começam quando a pessoa está prestes a despertar. Como o sonho tem a ver com a vida inconsciente, segundo os conceitos da psicanálise freudiana, é durante o sono que ela se manifesta. Freud, por meio de suas interpretações, defendeu essa teoria, indo de encontro ao que pregava a ciência, para quem os sonhos eram tidos como o lixo do pensamento.
“Freud se opôs desde o inicio à ciência de sua época, que via o sonho como uma desordem proveniente de processos somáticos, e dessa forma se aliou à tradição antiga que via um sentido nos sonhos, como acontece até hoje. Nessa tradição, havia um método de interpretar o sonho como um todo, o que servia para explicar sonhos mais ordenados, ou criados de forma artificial. O sonho de José no Egito, que substituía as sete vacas magras por sete anos de fome e as sete vacas gordas por sete anos de fartura é um exemplo disso”, lembra o psicanalista.
Nestor explica que outro método adotado pela psicanálise de Freud é o de decifrar os sonhos decompondo-os em partes e utilizando uma espécie de chave de leitura, criando um tipo de código. Sonhar com carta e funeral, por exemplo, significaria transtorno e noivado. O psicanalista afirma que Freud se aproximava mais desse segundo método, mas com a ressalva de que levava em consideração a história do sonhador e suas peculiaridades, bem como as sutilezas da linguagem utilizada.
“Para Freud, o inconsciente era como a parte de baixo de um iceberg, sendo o consciente o lado visível. A psicanálise serve justamente para a ‘apropriação’ dessa parte de baixo. Quando a pessoa sabe o que é produzido no inconsciente, pode ter a chance de mudá-lo. É importante lembrar que somos mais influenciados por nosso inconsciente do que imaginamos”, conclui Nestor.
 

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