Está chegando a hora: entenda o que está em jogo na Rio+20
Lydia Cintra 6 de junho de 2012
Por Ana Carolina Amaral*
COLABORAÇÃO PARA A SUPERINTERESSANTE
COLABORAÇÃO PARA A SUPERINTERESSANTE
Na próxima semana, o Rio de Janeiro recebe a mais importante conferência sobredesenvolvimento sustentável na agenda mundial – a Rio+20, entre os dias 13 e 22 de junho. Por que os olhos do mundo já estão voltados para o Brasil?
Se você está cansado de ouvir falar das reuniões internacionais pelo desenvolvimento sustentável – aquelas que deveriam dar outro rumo para o planeta, mas sempre terminam sem acordos significativos – saiba que não está sozinho. Os líderes dos países-membros da ONU também não estão muito a fim de viajar todo ano até uma conferência que poderia ser decisiva para voltar de mãos abanando – ainda mais em ano de eleições nos Estados Unidos e crise econômica pela Europa.
Antes de conhecer o jogo, acalme suas expectativas: da Rio+20 não devem sair compromissos obrigatórios, mas uma receita de como tirar do papel os acordos ambientais assinados até agora e, claro, como governar esse mundão de recursos limitados.
Isso é o que se chama governança ambiental nas reuniões preparatórias da Rio+20: busca-se um novo método de articulação entre a ONU e os países para darmos conta de administrar o planeta, distribuindo igualmente dos recursos essenciais e respeitando os limites naturais. Ninguém sabe muito bem o conteúdo dessa receita, mas ela é o coração da Conferência e o que pode nos tirar dessa mesmice ambiental.
Também está na roda a governança do desenvolvimento sustentável. Esse “nomão” todo quer dizer que as bases da sustentabilidade (social, econômica e ambiental) deveriam marcar presença em tudo quanto é acordo da ONU, seja lá de economia, saúde ou solução de conflitos armados.
Para esse item há propostas mais claras que no anterior, como promover o Pnuma (Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente) ao cargo de agência especializada - em vez de mero “programa”. Sim, porque do jeito que está hoje, o Pnuma é um coitado: não tem verba, autonomia e nem poderes como os das agências de alimentação (FAO), comércio (OMC), educação (Unesco) ou saúde (OMS). A partir desse fato, há mais de uma dúzia de propostas sobre como dar mais poder ao tema ambiental dentro da ONU.
A Economia Verde também será debatida pelos 102 chefes de Estado que já reservaram seus hoteis no Rio de Janeiro (que vai lotar, mas quem sabe continuará lindo). O desafio aqui é criar uma economia com mais inclusão social e menos impactos ambientais. A ideia é muito criticada pela sociedade civil organizada, pois segundo muitas ONGs, o caminho para resolver as coisas não seria econômico. Por outro lado, as mudanças ainda não aconteceram justamente por culpa dela: a bendita da economia. Ainda é suja, de alto carbono e extremamente desigual. E aí, o que você acha? Do que o mundo precisa?
Calma, calma! Não precisa se sentir pequenininho no meio dessas questões tão difíceis e globais. É pensando junto que a gente chega lá. E você tem alguns meios de fazer parte disso também: por um debate que será lido aos chefes de Estado, com uma foto ou mensagem levada para a campanha da ONU ou mesmo fazendo parte da Cúpula dos Povos.
Mais de 50 mil pessoas, 10 mil delas acampadas, devem pressionar os líderes e se manifestar ao vivo durante a Rio+20. Afinal, só quem não precisa de ar e água pra viver pode ficar de fora dessa briga.
Quer saber mais? Veja o vídeo que o Instituto Vitae Civillis preparou com o “diagrama da rosquinha”, que explica a Rio+20:
(Imagem: Sxc.hu)
*Ana Carolina Amaral é jornalista formada pela Unesp, tem mais de dez anos de atuação em questões socioambientais e atualmente produz o especial Caminhos da Reportagem, pela TV Brasil. Escreve sobre Mulheres e Sustentabilidade nos portais Mercado Ético e Tempo de Mulher. Twitter: @acarolamaral
Fonte: Revista Superinteressante
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