Publicado em: 23/01/2012 | Autor: Luciano Infanti de Paula | Categoria: Ciência
Como se forma uma estrela?
Para uma estrela ser formada são necessárias três coisas: muito gás, gravidade e tempo. Todos sabem que matéria atrai matéria e este é o princípio responsável pela formação das estrelas. As partículas de gás, aos poucos, se aglomeram gerando um campo gravitacional maior, influenciando mais partículas de gás. Com muito tempo, a gravidade irá reunir uma grande quantidade de hidrogênio, comprimindo-o mais e mais até um ponto em que a temperatura será tão alta que um processo chamado fusão nuclear começará. Isso ocorre, pois quando um gás é comprimido, sua temperatura aumenta. Então essa temperatura, somada à pressão que as camadas externas de gás exercem no centro da nuvem aumentam a temperatura ao ponto em que os núcleos atômicos passam a se fundir quando se chocam devido a sua grande energia cinética. Quando a fusão nuclear começa, temos o nascimento de uma nova estrela chamada de proto-estrela.
Até que o equilíbrio hidrostático seja estabelecido, a estrela enfrentará uma vida turbulenta, repleta de ejeções de material estelar e explosões violentas que podem alterar sua estrutura interna drasticamente. O equilíbrio hidrostático será alcançado quando as forças da gravidade e da fusão nuclear se equilibram. A fusão nuclear cria uma força contrária a da gravidade, que por sua vez cria uma pressão na estrela. Quando essas forças se equilibram a estrela entrará em um período menos turbulento. Veja que mesmo nesse período mais calmo, erupções e explosões ainda ocorrem, porém com menos freqüência Dependendo da massa da estrela, ela poderá ficar nessa fase de sua vida durante bilhões de anos.
Por que as estrelas brilham?
Durante muitos anos uma questão permaneceu na cabeça dos cientistas: por que as estrelas brilham? Foram necessários muitos anos até que em 1905, com um trabalho pioneiro de Albert Einstein, a resposta foi alcançada. Neste ano, também chamado de “ano do milagre de Einstein”, ele publicou um trabalho contendo a famosa equação E=mc². Essa equação, familiar para a maioria das pessoas, é a chave para entender porque as estrelas brilham. Mas antes precisamos entender como essa equação funciona.
Muitas pessoas acham que equações são apenas constructos matemáticos sem significado. Pois estas pessoas estão enganadas. Cada equação possui seu significado, sua interpretação e são esses significados que muitas vezes guiam os cientistas para a criação de melhores teorias. A equação de Einstein não é uma exceção e descreve o que é chamado de equivalência massa-energia. Nas palavras de Einstein “...massa e energia são diferentes manifestações do mesmo fenômeno”. Essa equação, além de relacionar matéria a energia possui outro significado importante: poucas quantidades de matéria possuem muita energia. A seguir um vídeo de Einstein explicando o significado de sua equação.
“É sabido a partir da teoria da relatividade que massa e energia são diferentes manifestações do mesmo fenômeno – um conceito pouco familiar para a maioria das pessoas. Além disso, a equação E é igual a m c ao quadrado, na qual energia é igual a massa multiplicado pelo quadrado da velocidade da luz, nos mostra que pequenas quantidades de matéria podem ser convertidas em enormes quantidades de energia e vice-versa. Massa e energia são de fato, equivalentes, de acordo com a fórmula mencionada a cima. Isso foi demonstrado experimentalmente por Cockcroft e Walton em 1932.”
Bem, agora vamos entender o que ocorre no centro das estrelas. Como já foi dito, estrelas realizam um processo chamado fusão nuclear que literalmente une os átomos no centro das estrelas, fazendo, por exemplo, com que dois átomos de hidrogênio se tornem um átomo de hélio. E é aí que E=mc² entra. A soma das massas dos átomos de hidrogênio é um pouco menor que a massa do novo átomo de hélio então um pouco da massa “sumiu” durante o processo. Obviamente essa massa não sumiu pois isso seria uma violação da lei da conversação de massa e energia. Então para onde essa massa foi? Lembre-se, E=mc², massa pode tornar-se energia e energia pode tornar-se massa. A massa que “desapareceu” na verdade tornou-se energia que será liberada na forma de radiação eletromagnética (luz) e outras coisas como neutrinos.
É por isso que as estrelas brilham, pois elas convertem toneladas e toneladas de hidrogênio por segundo em hélio e parte da massa desse material será transformada em energia durante o processo, garantindo que a estrela brilhe intensamente até que seu hidrogênio se acabe.
O que acontece quando uma estrela morre?
Quanto menor a estrela, mais tempo ela sobreviverá pois para manter as forças interna (fusão nuclear) e externa (gravidade) equilibradas é necessário menos hidrogênio. E por quanto mais tempo a estrela manter suas reservas de hidrogênio mais tempo ela sobreviverá. Mas o fim é inevitável, um dia as reservas de hidrogênio se esgotarão e a estrela estará em seus últimos momentos. Nesta fase, a massa inicial determinará o que irá acontecer com a estrela. Talvez ela expanda, torne-se uma gigante vermelha e ejete suas camadas de gás como ocorrerá com o Sol, ou talvez, se ela possuir massa suficiente, exploda em uma supernova, quem sabe até em uma hipernova, e deixe para trás um buraco negro ou uma estrela de nêutrons. Tudo dependerá de sua massa inicial.
Estrelas com massa semelhante ao do Sol ao chegar no final de suas vidas podem se tornar gigantes vermelhas por pouco tempo. Isso ocorre pois quando o hidrogênio do núcleo acaba, a estrela começa a utilizar outras fontes como o hidrogênio fora do núcleo e até mesmo chega a fundir átomos de carbono, o que lhe garante um último suspiro. Tudo isso será em vão e elas ejetarão suas camadas externas de gás, originando uma nebulosa planetária. A estrela, agora sem suas camadas externas de gás, é chamada de anã branca e poderá permanecer nesse estado durante bilhões de anos pois, por ser muito pequena pouco consome seu combustível restante. Isso é o que ocorrerá com o Sol em aproximadamente 5 bilhões de anos.
Em uma estrela com mais de 10 massa solares o processo é um pouco diferente e mais violento. Estrelas desse tamanho, no fim de sua vida podem originar as chamadas supernovas. Mas afinal o que é uma supernova? Quando uma estrela com muita massa chega ao final de sua vida, extingue-se em um evento muito luminoso, que pode brilhar mais que uma galáxia inteira, chamado supernova. Quando o hidrogênio no núcleo da estrela acaba, ela é comprimida pela ação da gravidade, o que aumenta sua temperatura. Esse aumento na temperatura fará com que a estrela comece a fusão de outros elementos. Uma hora, esses elementos acabarão e novamente, a pressão irá aumentar a temperatura da estrela e desencadear outro ciclo nos processos nucleares da estrela. Em cada novo ciclo a estrela cresce, aumentando sua gravidade, força que no final prevalecerá e fará com que o núcleo da estrela colapse sobre si mesmo, originando uma supernova de tipo II. Esse tipo de fenômeno muitas vezes leva a criação de um núcleo de ferro que poderá originar uma estrela de nêutrons. É graças a esse tipo de explosão que os elementos mais pesados da tabela periódica são formados. Então apesar das supernovas serem explosões letais, são também responsáveis pela formação dos elementos que permitem a vida na Terra. Cada átomo de ferro, carbono ou oxigênio em nossos corpos vieram de uma supernova.
A criação de um buraco negro ocorre devido a um evento muito mais violento que uma supernova. Para um buraco negro ser criado, é necessário que a estrela tenha uma massa inicial de 100 até 300 vezes maior que a massa do Sol, o que originará uma explosão de supernova do tipo Ic ou uma hipernova. Estrelas hipergigantes quando chegam no final de sua vida têm seu núcleo colapsado de forma tão violenta que um buraco negro é criado. O colapso acontece de forma tão rápida que o núcleo colapsa e torna-se um buraco negro antes mesmo da estrela desabar sobre si mesma. Esse novo buraco negro criado no centro da estrela irá “consumir” o resto da estrela, o que pode ocasionar em explosões de raios gama, um dos eventos mais energéticos do universo.
Como os cientistas classificam as estrelas?
Estrelas podem ser pequenas ou grandes, quentes ou frias, novas ou velhas. Para organizar todas as estrelas de forma adequada, astrônomos desenvolveram um sistema chamado Diagrama de Hertzsprung-Russell. Esse diagrama é uma tabela que mostra a magnitude absoluta (ou luminosidade) das estrelas em função de seus tipos espectrais (classificação espectral de Harvard) e temperaturas. O Diagrama de Hertzsprung-Russel foi desenvolvido pelos astrônomos Ejnar Hertzprung e Henry Norris Russel em 1910.
O primeiro diagrama criado por eles mostrava o tipo espectral das estrelas em um eixo horizontal em função da magnitude absoluta, que era apresentada em um eixo vertical. Outra versão do diagrama mostra a temperatura da superfície da estrela em um eixo e a luminosidade em outro. Usando esse diagrama, astrônomos são capazes de determinar o ciclo de vida das estrelas, desde quentes e instáveis proto-estrelas, que passam pela seqüência principal até as moribundas em gigantes vermelhas. O diagrama também mostra e relaciona a cor da estrela com a temperatura de sua superfície em vários dos seus estágios de vida.
Se você observar o diagrama de Hertzprung-Russell, verá que existe uma linha diagonal que vai da esquerda para a direita. Quase todas as estrelas passam por essa linha em algum momento de suas vidas e, por isso, ela é chamada de seqüência principal. Astrônomos também podem usar o diagrama de Hertzprung-Russell para estimar o quão longe estão as estrelas. Ao mapear e comparar estrelas e agrupamentos estrelares eles podem descobrir suas distâncias em relação a Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário